|
|||||||
|
|||||||
Advogados brasileiros
têm investido cada vez mais numa modalidade "express" de cursos de
doutorado, ofertada principalmente por universidades da Argentina.
O modelo é criticados pela Capes, fundação responsável por avaliar
os cursos de mestrado e doutorado no Brasil. Mas é recomendado no país
por empresas e entidades de classe diante da "possibilidade de
conciliação de tempo para pessoas atarefadas", como afirma um dos sites
de divulgação dos cursos.
Esse tipo de pós-graduação está tão popular que, segundo estimativa
da Capes, há três vezes mais estudantes de doutorado em direito na
Argentina do que em território nacional.
Aqui, segundo números de 2011, há 1.590 matriculados em doutorados de direito.
O aumento do fluxo de brasileiros para o país vizinho vem
preocupando o órgão, que aponta fragilidades nesses cursos. Para a
Capes, há o surgimento de um "mercado paralelo" para burlar as
exigências de abertura de novas vagas de pós-graduação no Brasil.
Nesse modelo de doutorado, as aulas presenciais acontecem num
período de duas semanas, nos meses de janeiro e julho, com uma carga
horária média de nove horas por dia. O aluno desenvolve sua pesquisa à
distância e retorna ao país vizinho para apresentar sua tese perante a
banca de docentes.
"Como um professor que dá dez horas de aula pode dar orientação para
esse aluno? E quando o aluno termina os 15 dias de aula, ele volta para
suas atividades. É uma qualidade extremamente duvidosa", afirmou
Martonio Lima, coordenador da área de direito na Capes.
O elevado número de alunos para cada orientador, o baixo convívio
acadêmico e a não exigência de mestrado como pré-requisito são alguns
pontos que diferenciam o doutorado brasileiro do modelo intensivo,
aponta Lima.
'RESERVA DE MERCADO'
Procuradas pela Folha, entidades que divulgam as vagas no país
vizinho alegam uma "reserva de mercado" no Brasil, daí a grande demanda
pelos cursos argentinos.
"Infelizmente, o acesso é muito restrito. As pessoas buscam formas
alternativas, já que no Brasil só uma minoria consegue o ingresso",
disse Thiago Gonzaga, coordenador da Lego Cursos.
Uma das parceiras da empresa é a UMSA (Universidad del Museo Social
Argentino), que organiza turmas somente para brasileiros. A Universidad
Católica Argentina e a Universidad Nacional de Lomas de Zamora também
oferecem cursos intensivos.
As entidades lembram ainda que a carga horária de aulas presenciais
dos cursos argentinos (360 horas) é a mesma exigida no Brasil.
"No Brasil há esse equívoco: confundem os cursos de pós-graduação
com presença em aula. Em cursos de strictu sensu [mestrado e doutorado],
o que se exige é pesquisa", afirma Elpídio Donizetti, coordenador
acadêmico do Iunib (Instituto Universitário Brasileiro).
"Nós queremos conhecimento ou o aluninho levantando o dedo para
dizer 'presente'? O nosso modelo não serve de inspiração para o mundo",
disse Donizetti.
FLÁVIA FOREQUE
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA
|
|||||||
|
quarta-feira, 6 de março de 2013
Advogados viajam à Argentina atrás de doutorado 'express'
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário